sábado, 18 de abril de 2015

APDSI assinala o "Girls in ICT Day"



A APDSI, tendo como uma das suas preocupações fundamentais a promoção e inclusão dos cidadãos no mundo digital, sem exceções, acompanha novamente a iniciativa da União Internacional de Telecomunicações (UIT), “Girls in ICT”, que se assinala a 23 de abril.

Para a Associação, o dia internacionalmente dedicado às “Girls in ICT” pretende dar voz no feminino à Sociedade da Informação, por isso, decidimos partilhar o testemunho de nove mulheres, sócias da APDSI, com um percurso assinalável na área e diferentes experiências e perceções sobre aquele que é, ainda, um meio tipicamente masculino. Apesar das dificuldades encontradas, Graça Ermida diz que tudo valeu a pena: «Recordo-me de barreiras e desafios que tive que ultrapassar e vencer, quer em ICT quer noutras atividades, em Portugal ou noutros países, mas que só contribuíram para eu me habituar a enfrentar e vencer desafios». Rita Espanha, considera que este é um mundo onde as barreiras estão a ficar mais esbatidas: «Penso que as mulheres já se sentem bastante atraídas pelas tecnologias».

A iniciativa internacional corresponde a um esforço global para aumentar a sensibilização, capacitar e incentivar as jovens de todo o mundo no sentido de considerarem estudar e fazer carreira nas TI. Reconhecendo a relevância deste dia para a  Sociedade da Informação, Maria Joaquina Barrulas entende que ainda há muito a fazer porque «a desigualdade no que se refere a posições de chefia e remuneração ainda persiste, neste como nos demais setores de atividade. A igualdade de género é também influenciada positivamente pelas tecnologias».

Neste contexto, será que Portugal tem um comportamento diferente de tantos outros países onde o fosso entre homens e mulheres é muito elevado? Clara Cidade Lains acredita que as TIC têm tudo para ajudar a superar essa diferença: «As TIC podem contribuir para uma igualdade entre géneros bastante sustentável e com condições de influenciar outros setores».

Segundo dados do INE para o ano de 2013, em Portugal a utilização de computador e de Internet é relativamente mais frequente nos homens do que nas mulheres: 68,1% dos homens utilizam computador e 66,3% acedem à Internet, enquanto 60,2% das mulheres utilizam computador e 58,2% utilizam Internet. No que respeita ao comércio eletrónico, a diferença entre homens e mulheres ainda é menor (cerca de 3 p.p.): 16,1% dos homens e 13,5% das mulheres efetuam encomendas pela Internet. Estas são diferenças que se verificam no dia-a-dia mas quando se fala de quadros superiores o intervalo entre percentagens será muito maior, como o testemunhou Margarida Pires, que, ainda assim, não se arrepende de nada de ter um percurso profissional numa área mais masculina na medida em que «ver um projeto inovador desenvolver-se e concretizar-se é muito compensador, tando intelectualmente como pessoalmente. E quando se trabalha na área das tecnologias da informação e comunicação, vêm-se “coisas” feitas, aplicadas, úteis, simplificando a vida das pessoas e contribuindo para o seu bem-estar».

Internacionalmente, o 23 de abril de 2015 é apontado como um dia que pode vir a encorajar mais mulheres a considerarem um futuro nas tecnologias. Até agora, e segundo dados da União Internacional de Telecomunicações, mais de 111 mil raparigas marcaram presença em mais de 3.500 eventos em TI realizados em 140 países. Os números começam a ser otimistas mas Maria Augusta Fernandes não afasta a importância do fator “sorte”: «Nem sempre temos a sorte de encontrar visionários e rebeldes para nos inspirarem e apontarem outras formas de fazer. A designada “Ciência dos Serviços” anda por aqui, mas parece-me que esta linha de trabalho está “desativada” e que nunca conseguiu espalhar-se pela academia.

Contudo, contrariar esta tendência e atrair talentos para a área tecnológica é, segundo Maria do Carmo Lucas, possível e desejável: «Como em qualquer profissão esta tem muito a ver com a exigência de disponibilidade para horários extraordinários o que poderá, ainda,  afastar mais as mulheres do que os homens de exercerem profissões nas TI. Mas vejo que cada vez menos. Remunerações mais justas e próximas das dos homens poderão atrair mais mulheres». Já Fernanda Pedro olha para o problema da desigualdade de uma forma mais transversal. «Não me parece que seja um problema das ICT, mas um problema das tecnologias no seu todo, como também acontece nas engenharias, por exemplo». Será caso para ainda se notar algum preconceito? Maria Helena Monteiro é da opinião que é preciso acabar com ele para não haver a obrigatoriedade de imposição de quotas. «Não haver preconceitos ligados aos géneros e às profissões, quer na formação e desenvolvimento profissional, quer no mercado de trabalho», concluiu.

O “Girls in ICT Day” vai passar a ser comemorado mundialmente todos os anos, na última quinta-feira do mês de abril.

No nosso sítio na web encontra as entrevistas completas.

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